segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

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Era o receio do frio que não a deixava molhar nada além de seus pés naquela noite de novembro.
Bom, pelo menos esse era o discurso que tentava repetir silenciosamente para convencer a mente de que não era o medo dessa sensação de estar sem chão, o medo de ter de construir novos hábitos, daquela ter sido sua chance mais preciosa, de nada conseguir fazer sentido, da culpa ter sido sua, dela não merecer o mundo, que a encorvadava. Tentou durante muito tempo esvaziar a cabeça, mas o peso e a nudez do peito não deixaram.
De repente se viu mergulhando por inteiro, por completo e logo soube a razão: o mundo não pára por ninguém e se a lua e as estrelas estavam no chão, o que é impossível?

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