sexta-feira, 5 de abril de 2013

83

Eu estava com outro. Um desses que a gente fica por saber que ele vale a pena, mas sabendo também que valer a pena não é nem será suficiente. A conversa estava agradável e a lagoa irradiava uma brisa de felicidade tranqüila, própria dos finais felizes. Eu estava descontraída, rindo de algum comentário realmente engraçado quando ali, naquele lugar perdido, que não é seu nem meu, você passou. Passou, me viu e fingiu não ver. Passou. Vi que me viu e vi que fingiu não ver que vi. Passou e a cada passo daquela distração forçada eu diminuía um pouco. Algum tempo depois de ter me cansado de ser sincera e de te perseguir com o olhar das esperanças quase mortas, eu soube que você estava lá, na outra esquina da rua, estático senão fosse o cão que segurava pela coleira. Sorri o meu sorriso seu, que o era por mérito, mas seu abraço foi triste. O céu nos deu um lilás escuro transpassado pelo que pareciam ser pequenos raios que não se apagavam, lindo. E nesse dado instante pude lembrar o que havia esquecido: nunca estive com ninguém além de você.

Nenhum comentário: