quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

70

Eis que lhe digo que o mundo se desdobra feito um pano ao vento

E também lhe admito que sou e serei o pano por vários momentos

Não tenho capacidade de me manter estável e constante enquanto

Sofro sopros, então me dobro feito panos quando ventos enfrento

Se sou pano sou vela

Aquela que o barco carregou

E dela nada restou

A não ser o mastro ao qual se apela

“Não costumavas”, grito, “ter uma diretriz em si?”

Não há resposta e acabo por remar enfim

Eis que lhe digo que no próximo vendaval juro que serei o vento

Ou pelo menos não serei tão dobrável e maleável em meus sentimentos

Serei mais duro nem que seja por um segundo, pois entendo

Que nem toda afabilidade é boa, e é melhor mover-se, mesmo que lento


E.

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