quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

63

Marevida

Vi o Sol arrebatar vidas do mar

E vi as ondas suas areias a contar

Em sinfonias dissonantes em mil rios

Em águas salobras a se afogar

E num mergulho traiçoeiro cheguei a acreditar

Que as ondas, amistosas, não iriam me arrastar

Que o mundo era um lugar bonito pra se morar

E não a sucessão de dias que me tragavam sem pensar

Mas veio a ressaca e os seus olhos a me encarar

E me inebriava a maresia do seu perfume a emanar

E num sussurro arrebatador ela disse

“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”

“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”

“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”

“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”

Encarei seus dois mares revoltos em mim

E me possuíram em mim os seus envios

Pois cada toque que me tocava era um desafio

Pois cada movimento era uma loucura transgressa

“Por favor”, eu implorava, “Me olhe e me peça

Para largar tudo e arriscar novamente

Para largar o mundo e invadir sua mente

Todo torpor, as ondas me bateram

E o avesso se virou. E revirou.

No terror das ondas que me afogavam

Sua imagem e sua maresia foi tudo que me restou

Com três beijos em teus lábios e três toques em sua mão

Com três beijos em sua boca, e em minha boca uma canção.”

E descobri o quão bom era viver assim,

Num mar revolto de sentidos

Embora eu preferisse um navegar sem fim

E uma imensidão de choros remexidos




Em parceria com Erik Avilez

Nenhum comentário: