Marevida
Vi o Sol arrebatar vidas do mar
E vi as ondas suas areias a contar
Em sinfonias dissonantes em mil rios
Em águas salobras a se afogar
E num mergulho traiçoeiro cheguei a acreditar
Que as ondas, amistosas, não iriam me arrastar
Que o mundo era um lugar bonito pra se morar
E não a sucessão de dias que me tragavam sem pensar
Mas veio a ressaca e os seus olhos a me encarar
E me inebriava a maresia do seu perfume a emanar
E num sussurro arrebatador ela disse
“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”
“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”
“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”
“É assim mesmo, mas guarde os arrepios”
Encarei seus dois mares revoltos em mim
E me possuíram em mim os seus envios
Pois cada toque que me tocava era um desafio
Pois cada movimento era uma loucura transgressa
“Por favor”, eu implorava, “Me olhe e me peça
Para largar tudo e arriscar novamente
Para largar o mundo e invadir sua mente
Todo torpor, as ondas me bateram
E o avesso se virou. E revirou.
No terror das ondas que me afogavam
Sua imagem e sua maresia foi tudo que me restou
Com três beijos em teus lábios e três toques em sua mão
Com três beijos em sua boca, e em minha boca uma canção.”
E descobri o quão bom era viver assim,
Num mar revolto de sentidos
Embora eu preferisse um navegar sem fim
E uma imensidão de choros remexidos
Em parceria com Erik Avilez
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