quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

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Mesmo cedo, se sentia incompreendida. Achava que não era dalí e lá no fundo, não queria ser mesmo. A solidão do seu quarto não lhe bastou naquele dia. Sentia a necessidade de estar n’outro lugar. Foi quando avistou o desconhecido escuro e decidiu se juntar aos brinquedos velhos que mamãe cismava em ali guardar.

Foi munida de uma pequena lanterna - era nova demais para superar esse medo! O teto era o colchão amparado pelas ripas de madeira da cama e aquilo era fantástico aos seus olhos. Se acomodou da melhor forma possível e começou sua rotineira viagem mental. Começou pelo caminho desagradável, como de praxe. Depois o peito foi ficando mais leve e os pensamentos bons foram tomando espaço. Sorria e nem percebia. Já não estava mais lá e em sua cabeça, fazia de tudo: dançava, cantava e sua imaginação ganhou força a ponto de exigir reações corporais. Sorria de novo, balançava a cabeça, abria e fechava os olhos, mexia nas ripas de madeira… AI! Uma farpa no indicador.

Aprendeu logo que mesmo no mais alto devaneio, um pézinho de realidade vem te atrapalhar.

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