terça-feira, 5 de outubro de 2010

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O deserto da rua me fazia companhia e a chuva, à solidão da rua. Com os antebraços apoiados nos joelhos e as mãos soltas no ar, decidi encarar aquele dia ali, sentada no meio fio, na calçada oposta ao bueiro. Observei durante algum tempo o destino das gotas que caíam no chão; tirei o capuz e levantei o rosto com os olhos levemente fechados: havia a necessidade de sentir algo concreto, com o fim de escapar do mundo impalpável (mas nem por isso menos ameaçador!) que me sugava. Sorri e passei a enxergar o céu anil das minhas banalidades, passei a caminhar sob ele. Por que não?

Pisei numa poça.

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